Finally... Ísland!

Foram três horas de vôo. Desta vez sentei à janela, o que foi de absoluta e completa inutilidade, já que viajávamos à noite. O mesmo procedimento no aeroporto, com uma diferença: já passava das onze e meia da noite, o que significa que a casa de câmbio estava fechada, e eu não tinha uma króna furada para comprar a passagem do Fly Bus que me levaria a Reykjavík. Aí eu corri no duty free e pedi pra um dos caixas trocar para mim, e ele disse que não podia. Ah é?
“Se eu pagar em dólar vocês voltam troco em króna?”
“... sim.”
Peguei um pacote de balas de 150 krónur (mais ou menos US$ 1,20) e paguei com uma nota de 100 dólares. O tal de Bjärni, conforme dizia o seu crachá, olhou com uma cara meio feia, mas, pra ser sincero, era a única que ele tinha, então não me ofendeu.
Agora era hora de passar pela segurança. Todo mundo passou, menos eu (provavelmente porque eu era o único que não tinha passaporte europeu). O guarda, que certamente tinha uma espada Viking escondida nas costas (sem interpretações maliciosas, por favor), disse:
“Boa noite. O que você veio fazer na Islândia, Mário?” (eles não chamam as pessoas pelo sobrenome precedido por Mr. / Mrs. / Miss)
Outro! Mas como com esse a coisa era séria, resolvi não brincar e expliquei exatamente o que estava indo fazer, onde ia ficar etc. Ele disse, apontando para uma sala:
“Dê-me seu passaporte e acompanhe-me, por favor.”
Ai! Senti o estômago embrulhar na hora. Já estava preparando o discurso e as lágrimas, se me impedissem de entrar no país. Quando ele voltou, eu já estava com as passagens de volta, as reservas nos hotéis de Reykjavík, Copenhague e Paris, bem como o cartão do seguro de saúde, na mão. Quando ia começar a falar, ele me entregou o passaporte e disse:
“Bem vindo à Islândia. Agora corra ou perderá o ônibus para Reykjavík.”
!!! Sem dizer nada, com medo de fazer alguma besteira, arrumei as coisas na mochila e zarpei dali imediatamente. Corri de volta para o guichê do Fly Bus, comprei a passagem, peguei uma de cada brochura que eles ofereciam “de grátis” e entrei no ônibus. Estava um frio do cão. Para variar, todos os passageiros já estavam lá quando eu entrei. Sentei lá no fundo, onde não havia ninguém, e fiquei com a cara grudada na janela, observando cada detalhe. Agora eu estava, de fato, na Islândia.
As placas dos carros islandeses têm apenas 5 dígitos: 2 letras e 3 números. Pode parecer pouco, mas se você fizer a análise combinatória disso aí, dá placa pra cacete, e como o país inteiro tem menos de 350.000 habitantes, é mais que o suficiente. E, como alguns sabem, eu tenho mania de ficar olhando placas de carros. E eis que bem ao meu lado passa um carro com as placas: MH 201. Coincidência? Certamente (p.s.: tirei uma foto, para que não digam que estou inventando hehehe).
Uma coisa que achei extremamente bizarra foi o fato de que as estradas islandesas são iluminadas por postes. Isso mesmo. Pensei que era só perto dos acessos às cidades, mas não! Postes de luz ao longo de toda a estrada, desde Keflavík até Reykjavík. A viagem demoraria mais ou menos quarenta minutos, e ao longo do caminho foram passando placas cujos nomes eu já conhecia, de tanto olhar os mapas da Islândia: Kopávogur, Gríndavík, Sellfoss, Reykjanesbraut, etc. Senti o coração disparar quando, numa bifurcação, o motorista entrou na Myklabraut, e logo uma enorme placa surgiu na estrada: “Bem vindo a Reykjavík, a capital mais ao norte do mundo”. Agora eu oficialmente estava em Reykjavík.
O Fly Bus parou na estação central de ônibus, o que é um tanto quanto longe do centro da cidade se você está a pé, com uma mala e uma mochila enormes, muito cansaço e, especialmente, muito ansioso.
Então decidi ligar para a Monika, a polonesa que conheci pelo site do Couchsurfing (uma espécie de orkut de pessoas que ficam umas nas casas das outras quando viajam pelo mundo). Era meia noite e tanto, mas ela havia dito que eu podia ligar, já que só ia trabalhar depois das 12h no dia seguinte, e eu estava um pouco desesperado. Não tinha um gato pintado naquela estação.
Ela atendeu e disse que se eu tivesse ligado 10 minutos antes (obrigado, cara da alfândega) uma amiga dela teria ido me buscar de carro, já que elas estavam me esperando para jantar. Então ela me disse que um táxi até a casa dela (que fica perto do hotel onde eu iria ficar) custaria mais ou menos 1500 krónur.
Aí veio mais um golpe de sorte: eu provavelmente escolhi uma das 3 ou 4 pessoas na Islândia que não falam inglês. E aparentemente o cidadão era motorista de táxi por cota, porque eu mostrava e mostrava pra ele, no mapa, a rua em que queria ir, e ele não entendia. Até eu conseguir, depois de umas 10 tentativas, pronunciar corretamente o nome da rua (o islandês é pronunciado de maneira completamente diferente de como é escrito), ele me levou até lá. Mas o FDP, por volta da minha 5ª tentativa de pronunciar o nome, ligou o taxímetro! Mas que velho sacana! Como eu estava cansado, muito cansado, e queria logo um chuveiro e uma cama, decidi não discutir com alguém cuja língua eu não falava. Quando chegamos na rua Hjámholt, número 6, eu desci, paguei 1350 krónur e ele foi embora. Não tinha ninguém na rua. É uma rua bastante curta, com umas 5 ou 6 casas de cada lado, apenas. Subi as escadas para chegar à porta do 1º andar (a casa tinha 2), e não vi o nome da Monika, nem o do Karl (o americano que mora com ela) na plaquinha de identificação dos moradores. Esperei por mais 10 minutos, num frio do cão, andando de um lado pro outro, e nada. Até que tive a brilhante idéia de ver se não havia alguma espécie de porão, tão comum nos países do norte. Tinha, e lá estava: Monika Gapinska. Toquei a campainha e a Amélie Poulain abriu a porta.

1 comentários:

6 de janeiro de 2009 às 09:14 Anônimo disse...

putz, eu fico imaginando a sua cara ao ver a cidade e tudo aquilo q vc ja decorou do google earth!

parabéns por estar aí... vc merece!

pity.

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